sexta-feira, 2 de maio de 2014

Somos todos macacos ou não?


No último domingo, dia 27 de abril, ocorreu um ato racista no jogo Barcelona x Villarreal, quando um torcedor do Villarreal jogou uma banana em direção ao lateral do Barcelona Daniel Alves. Logo em seguida, o jogador  teve uma atitude bem interessante e  curiosa pelo fato de ter comido a banana. A partir desse dia, Neymar lançou uma campanha com uma foto dele e do filho onde os dois estão com bananas e colocou a hashtag #somostodosmacacos, e desde então, outros famosos fazem o mesmo contra o racismo. Mas muitas pessoas também não gostaram de serem chamadas de macacos e essa campanha acabou virando tão polêmica quanto o ato racista.

Ismael Fagundes é gaúcho, estudante de Arquitetura e Urbanismo na UniRitter de Porto Alegre, negro e contra a campanha #somostodosmacacos. "Sou contra por diversos motivos,  eu respeito essas manifestações, mas eu vejo uma grande ridicularização da imagem do povo negro (uma parte de gozação também). E o macaco assim como todos os animais ou seres humanos merecem respeito. Então, se ofendam por serem chamados de negro pobre, negro sujo, porque não conseguem  emprego por suas cores e não pelo fato de serem chamados de macacos. Até porque muita gente que acha uma palhaçada essa história de macaco, já ligou pra um amigo(a) sem ofender e disse : "E aí macaca como está? Saudades". Então pessoal, não se ofendam por pouca coisa e procurem a mudança em vez de criticarem. Unam-se e mostrem para sociedade que ser chamado de macaco não nos ofendem mais, pois , qualquer dia, isso já não vai ser mais ofensa e os racistas não terão mais argumentos para nos ofender ", afirma Ismael.


                                                        Ismael Fagundes - Foto Pessoal


Yan Barros é baiano, estudante de Engenheria Elétrica na UNIFACS - Universidade Salvador, negro e é a favor da campanha #somostodosmacacos. "Nós como simples participantes da sociedade não temos ao nosso favor a mídia, para assim podermos fazer nossas reclamações, nossas indignações e nossos apelos. Os atores, ao contrário, têm toda a visibilidade necessária, sendo grandes influenciadores da contemporaneidade, através das novelas, comercias e vários tipos de trabalhos que venham a abranger uma grande quantidade de pessoas. É  mais do que dever deles aproveitar essa visibilidade para mostrar a indignação que nós todos estamos sentindo com essa ignorância que ainda nos circunda, o preconceito. Mostrar a banana seria   uma forma de dizer que nós todos somos iguais, tão iguais quanto o cara que jogou a banana, mostrar assim que é uma fruta como outra quaquer, apesar de  representar por trás um preconceito racial", afirma Yan.

                                                             Yan Barros - Foto Pessoal
                                                  
         

Texto: Letícia Anele Kruse

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