sexta-feira, 2 de maio de 2014

“Bana(na)lizaram “ o racismo ? Ou não?

A banana é originária do Sudeste da Ásia,é cultivada em 130 países e em praticamente todas as regiões tropicais do planeta. O termo “Banana” refere-se as frutas de polpa macia e doce que pode ser consumida cru.
Apesar de toda a sua popularidade e seus efeitos terapêuticos não é por esse motivo que ela anda na “boca do povo”. Quem não viu nas últimas semanas fotos de pessoas com bananas seguida da frase “Somos todos Macacos”.

Isso faz parte de uma campanha contra o racismo no futebol que começou quando o jogador do Barcelona Daniel Alves,30 anos foi vítima de um torcedor do time adversário Villarreal,que lhe jogou bananas em uma alusão a cor da pele do jogador comparando –o a um macaco.
Esse tipo de atitude é bastante comum no futebol Europeu e esperava-se que se desse com o atacante Neymar que joga no Barcelona e que já foi vítima de racismo em que a torcida imitava sons de macacos toda a vez que ele tocava na bola. E então prepararam a campanha e esperaram o primeiro ato de racismo da torcida.

O que não era esperado foi a atitude de Daniel Alves,que calmamente recolheu a banana,  comeu e continuou o jogo tranquilamente.Atitude essa que preocupou seu Pai Domingos Alves que teme que torcedores racistas envenenem a fruta e joguem no gramado.

  (Daniel Alves comendo a banana jogada no campo  Fonte: Revista Veja)
Tal gesto desencadeou uma campanha a campanha “Somos todos Macacos” que envolveu celebridades e pessoas comuns e fez da banana o personagem da semana. Mas será que todos concordam com a campanha?

O professor de Letras e Jornalista Sérgio Augusto Sant’anna,36 anos. Paulista de Taquaritinga, filho de Mãe negra e Pai Branco assim como Daniel Alves também já sofreu racismo desde a infância quando seus colegas lhe apelidaram pelo nome de um personagem negro de uma novela “ Eu ficava chateado mas naquela época isso não era considerado racismo e sim brincadeiras de criança.”

Também ficou marcado para ele o fato de certa vez ir a uma locadora de vídeos em que freqüentava normalmente com o Pai e não lhe ser permitido alugar um filme pois não acreditaram que ele sendo negro fosse filho de um pai branco. Mesmo depois da insistência de até mesmo mostrar a identidade com o mesmo sobrenome.

      ( Sérgio com sua foto com a banana postada no Facebook Foto: Arquivo Pessoal)
Veio morar no Rio Grande do Sul aonde se casou com uma gaúcha, e tem duas filhas nascidas no Estado. Ele destaca que o Rio Grande do Sul tem um racismo diferente do que ele vivia em São Paulo. “Talvez pela origem e cultura Européia do Estado, aqui é mais forte o racismo do que em São Paulo.”

Perguntando sobre o que achou da campanha ele afirma “Achei bem pontual a proposta, partiu do Neymar mas o que me inspirou foi o gesto do Daniel Alves.“Eu achei de suma importância no sentido do racismo e não da Teoria de Darwin.E sim no manifesto contra o racismo.A campanha é válida,se todo mundo se apegasse a isso e  houvesse mais campanhas o racismo diminuiria".Conclui Sérgio.

Neymar e seu filho David Lucas Foto: Instagram
                                                 



Perguntada sobra a campanha a Estudante de Publicidade da Uniritter Morgana Schmidt,23 anos respondeTudo que serve pra alertar é válido , quando pessoas famosas se juntam por uma causa o retorno é bem mais rápido.

Para Grégori da Silva,18 anos estudante de Eletrotécnica que já esteve em uma situação juntamente com seu amigo que é negro,uma mulher correr deles na parada de ônibus porque eles estavam correndo apenas para pegar o ônibus.

“Sou a favor, pois acima de tudo abre um debate na sociedade. Ajuda a diminuir o preconceito, pois com o debate sobre o assunto, as pessoas abrem a mente”.

Mas nem todo mundo concorda que a campanha foi positiva. A estudante de Publicidade da Uniritter Karina Peixouto,23 anos “Acredito que pode atenuar um pouco o preconceito por se tratar de uma pessoa muito influente, principalmente no mundo jovem. Mas são campanhas momentâneas, que  não se estendem com um engajamento social.

Ela conta que certa vez presenciou uma situação de racismo “Convivo com muitas pessoas da raça negra (não a banda, risos) certo dia estávamos em um shopping e os seguranças começaram a seguir um amigo descaradamente, e fomos embora do mercado sem comprar nada e indignados”.

Já para Wagner Moraes,24 anos Motoboy “Acho que a campanha é bem vinda, porém o racismo sempre existiu e de várias formas. Particularmente acho que o foco não deveria ser apenas o racismo mas sim o preconceito em geral e a desigualdade.”

Kátia Marques,27 anos Microempresária que já presenciou no seu antigo trabalho pessoas serem desclassificadas por serem negras e afirma que não achou a campanha válida “Na minha opinião a campanha  "Somos todos macacos" só fixa mais na mente das pessoas que os negros podem ser comparados a macacos. A"selfie"com uma banana somente promove mais ainda o preconceito racial, estimulando a ideia de que negros= macacos, foi uma campanha ridícula que não contribui em nada para diminuir o preconceito."

Para a fonoaudióloga Lúcia Perez “Achei interessante, mas é certo que teve uma repercussão maior por ter sido feita pelo Neymar ."Cada vez mais vemos discriminação de jogadores no Brasil e fora, por torcedores adversários.“Se somos todos iguais, como querem dizer os formadores de opinião, então porque existem cotas para negros, índios pardos, e etc? Se querem igualdade de oportunidades vamos ser justos em todos os aspectos”.


Raquel Leães 27 anos,consultora de T.I opina sobra a campanha e afirma “Imediatista demais para me convencer de que, realmente, pessoas influentes como artistas e formadores de opinião, estejam preocupados com um mal que nos assombra a tantas décadas. O fato de levantarem o brado de "Somos todos macacos" não me remete a algo que se queira combater o racismo, de fato e sim, a mais um artefato midiático para autopromoção.

“Infelizmente não se consegue tirar da cabeça de um racista, o preconceito, apenas com uma "selfie" e uma campanha passageira, tal como as manifestações de junho de 2013. Um ano se passou e a passagem aumentou seus 20 centavos. Daqui a um ano, ainda continuaremos presenciando atos racistas. Infelizmente” Lamenta o vendedor Rafael da Cruz Peres,24 anos.

E no meio disso tudo a inocente banana pergunta,e você o que acha de tudo isso?

                                                                                                                          Por Melissa Renz


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