quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Bairro Santa Tereza faz parte do projeto RS NA PAZ

Em fevereiro de 2011 o Território da Paz, programa de iniciativa do governo do Estado, iniciou suas atividades na Rua Nossa Senhora do Brasil, no bairro Santa Tereza, em Porto Alegre e conta com 37 policiais militares para trabalhar em todos os turnos. A comunidade se divide nas opiniões quando o assunto é a diminuição da violência após a chegada da polícia. Os bairros Lomba do Pinheiro, Rubem Berta e Restinga também são parte do projeto que visa melhorar a qualidade de vida nos locais.
Território de Paz
Base Comunitária do Território de Paz Santa Teresa Foto:Jennifer Van Leeuven

O Major Pacheco está à frente do trabalho Território da Paz, desenvolvido pela Brigada Militar, desde o início e compartilha os avanços deste trabalho. Segundo ele, os avanços se demonstram a longo prazo, a exemplo são os números de homicídios que reduziram com o decorrer dos meses, existem também pequenas ações que se tornam imediato e trazem um resultado satisfatório para comunidade. Pacheco acredita que a comunidade passou a ter uma confiança com os policiais, essa aproximação auxilia para que futuros projetos e melhorias possam ser desenvolvidos. Ao questionado sobre a presença do tráfico existente ainda na comunidade, o Major explica que a batalha contra o tráfico é constante, mas que com diárias abordagens é possível reduzir este número na comunidade da Vila Cruzeiro.

A moradora Virginia Carvalho comenta sobre o Território de Paz (TP) perto de sua casa: “Com a brigada aqui é mais tranqüilo, eu me sinto segura e não mudaria de região”. Ela faz as compras alimentícias nos bares do próprio bairro, movida pela proximidade e redução de custos: “Hoje em dia, o bar acaba sendo mais barato do que o super mercado, porque o deslocamento, a ida e a volta, são ações que envolvem gastos”, afirmou. Diz que não tem informações sobre os comportamentos de seus vizinhos referentes ao TP, pois sua rotina é de casa trabalho, trabalho e casa. Vive com os dois filhos e enquanto trabalha deixa os meninos numa creche que paga “com muita dificuldade” segundo ela, R$360,00, por mês. Investimento feito com o dinheiro do salário recebido pela prestação de serviços no Café do Mercado Público aonde trabalha atualmente.

O estudante Alisson Castro, 16 anos que mora em frente à base comunitária afirma que a presença dos policiais ali não faz diferença. ”Moro aqui a 6 anos,e desde que eles vieram para cá a violência continua a mesma.O mercado que temos próximo aqui é assaltado constantemente.” Ele acredita que a presença pode inibir algumas ações de bandidos,mas que isso não impede muitos deles de continuar praticando os crimes.

Udemiro Baltazan Simões, 77 anos, carpinteiro aposentado, mora na Vila Cruzeiro, no bairro Santa Tereza há 55 anos, e conta a diferença de morar no bairro anos atrás para os dias atuais, e o que mudou após a presença do Território da Paz perto de sua casa. “O bairro antes era todo de barro, mas era muito bom, pois não tinha briga nenhuma, mas depois de muitos anos mudou muito, pois começou o tráfico e ninguém conseguia dormir por conta de tiroteios”, explica ele. Depois da existência do Território da Paz mudou um pouco, mas a violência ainda é presente no bairro. “Atualmente com o Território da Paz, não tem aquela correria da noite, mas antigamente os moradores andavam de madrugada nas ruas sem medo, e agora abrimos a porta de casa e somos assaltados”, conta Udemiro.

Talvez se houvessem leis mais rígidas, que punissem com mais rigor aqueles que cometem o crime, Santa Tereza não necessitasse de um “quartel” no meio da comunidade, que garante a paz, mas que também dá uma sensação de dependência, a impunidade com certeza faz parte desse contexto, onde criminosos são favorecidos por brechas que lhe garantem a liberdade e a tranquilidade para que continuem tirando o sossego do cidadão de bem.